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frases retumbantes de triplo ou nulo sentido e improvável aplicação.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011.
Então os lírios do canto entoaram o canto lírico.
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UM ELEFANTE NA MATA ATLÂNTICA

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011.
Artigo finalista do concurso nacional Redescobrindo o Brasil realizado pela Natura Ekos

Extremo sul da Bahia, costa do descobrimento, trinta anos atrás.
Eram nove horas quando parei o carro na estradinha que penetra a mata atlântica, atravessei a ponte de madeira da praia do Paixão, avistando a bela lagoinha e, mais além, as ondas mansas espancando a areia branca, várias vertentes a vazar das falésias verticais, às vezes até esguichando a água, o que tornava um simples banho numa aventura espetacular.
Contornei a lagoinha, subi na areia que separa o mar da doce água da lagoa, quando percebi alguém em meio ao banho, um vulto grande e escuro, que eu não identificava, e ao me aproximar, constatei que era várias vezes maior que eu, aparentando obesidade, já que suas banhas se mexiam e tremelicavam a qualquer movimento, sob o jato da cascata.
Como se pressentisse a minha observação, o banhista parou os sacolejos por instantes, girou o pescoço numa torção impossível e me olhou nos olhos.
Tomei um susto quando o reconheci, enorme e desajeitado, o apêndice nasal curvado sobre a boca: um filhote desgarrado de elefante marinho.
Sem a menor pressa, deixou que a água lhe batesse por cada polegada, revirando-se todo, seu pelo curto brilhando, até que voltou a olhar-me longamente, e como me visse sozinho, o próximo na fila do banho, olhou o jato d’água, como se dele se despedisse e foi-se arrastando, deixando um rastro largo, as nadadeiras da frente revolvendo a areia, enquanto subia o montículo que me impedia de ver o mar.
Entrei sob a água gelada e, quando abri os olhos, o belo animal acabava de transpor a crista de areia, sumindo de vista.
Corri para vê-lo mais uma vez, tão exótico, com seus oitocentos quilos, e que civilizadamente me cedera o lugar no banho de cascata.
Cheguei na parte alta da praia e vi apenas os rastros que mostravam o lugar exato onde ele se misturou ao oceano.
Desse dia em diante, sempre que passo naquela região de matas e nascentes, tenho a esperança de reencontrá-lo e, quem sabe, retribuir a gentileza.
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